Prefeitura Quer Vender o Maracanã – A Jogada Política
O Complexo do Maracanã, um dos estádios de futebol mais icônicos do mundo, pode ser vendido. Atualmente, ele está no centro de um projeto de lei que pode tornar sua venda um ativo político importante para as eleições de 2026. A inclusão do estádio na lista de imóveis a serem vendidos pelo Governo do Rio de Janeiro é vista por deputados como um passo estratégico. Primeiramente, para tornar o Maracanã mais rentável. Em segundo lugar, como um trunfo eleitoral.
A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou a lista na última quarta-feira. Portanto, o projeto agora aguarda votação no plenário da Alerj. O objetivo principal das vendas é aliviar as dívidas do estado com a União. No entanto, os desdobramentos políticos são claros.
Envolvimento de Figuras Políticas e Esportivas
O projeto foi discutido em uma reunião com figuras de destaque. Entre elas, o deputado Rodrigo Amorim (União Brasil), o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Batista (Bap), o deputado Alexandre Knoploch (PL) e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). Bacellar, que é pré-candidato ao Governo do Rio em 2026, pode estar usando o projeto como uma plataforma para ganhar visibilidade.
O deputado Rodrigo Amorim destacou que a ideia de vender o Maracanã surgiu para evitar que o estádio se tornasse um “elefante branco”. Isto é, um projeto caro e subutilizado. Além disso, ele comparou a situação ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, que perdeu relevância após o Corinthians construir seu próprio estádio. Ele afirmou: “Cada vez que o Maracanã abre para um jogo, seja ele qual for, é uma quantia próxima a R$ 1 milhão para acontecer o evento. Não tem sentido a gente ter um elefante branco que o estado continue bancando.”
O Papel do Flamengo e a Política Local
A possível venda do Maracanã para o Flamengo é vista como um movimento estratégico que beneficiaria o clube e alguns políticos. O Flamengo, que há tempos sonha com um estádio próprio, poderia encontrar uma solução mais prática e econômica. Isso ocorre porque o custo estimado da venda é de R$ 2 bilhões, abaixo das projeções para a construção de um novo estádio.
Contudo, a venda pode enfraquecer a posição do prefeito Eduardo Paes (PSD). Paes tem sido um aliado do Flamengo na busca por um novo estádio no Gasômetro. Ele também deve concorrer ao governo do estado em 2026. Assim, ele utiliza a parceria com o Flamengo como um trunfo político, divulgando ações nas redes sociais, mesmo sendo vascaíno declarado.
Implicações Financeiras e o Jogo Político
A venda dos imóveis, incluindo o Maracanã, é uma tentativa do Rio de Janeiro de levantar recursos. O intuito é aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Basicamente, este programa permite que estados usem bens públicos para abater débitos com o governo federal. De acordo com a Lei Orçamentária de 2026, o Rio de Janeiro deve pagar R$ 12,3 bilhões no próximo ano apenas em serviço da dívida.
| Ano | Dívida do Estado (R$ bilhões) |
| 2026 | 12,3 |
| Fonte: g1.globo.com |
A cientista política Mayra Goulart, da UFRJ, observa que Rodrigo Bacellar está se movimentando no tabuleiro político. Embora ele tenha rompido com o governador Cláudio Castro (PL), ele busca ganhar capital político. Desse modo, ele se associa à popularidade do Flamengo, já que Castro está impedido de se reeleger.
Concessão Atual e o Futuro do Estádio
Vale ressaltar que, o consórcio Fla-Flu (Flamengo e Fluminense) detém a concessão atual do Maracanã até 2044. O contrato prevê o pagamento anual de R$ 20 milhões ao Governo do Estado. Além disso, exige um investimento de R$ 186 milhões nos próximos 20 anos para melhorias.
Apesar disso, o Flamengo é um dos principais interessados na venda, mas ainda não se posicionou oficialmente. O Governo do Estado, por sua vez, aguarda a votação do Projeto de Lei Complementar 40/2025, que autoriza a venda de imóveis, para decidir sobre a inclusão de novos bens na lista.



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